TEXTO 2: A Escravidão Africana
No início do processo de colonização do Brasil por parte dos portugueses, a mão de obra indígena foi de importância fundamental.
Porém as revoltas indígenas sistemáticas, os desentendimentos entre jesuítas e colonos, a grande mortalidade entre nativos e a inadaptação cultural dos índios ao ritmo de trabalho exigido pelos portugueses fizeram com que as autoridades lusitanas optassem por adotar a mão de obra africana.
A escravidão negra já era utilizada pelos portugueses desde o século XV (1401-1500) em outros territórios.
Por volta de 1550, alguns milhares de africanos já realizavam as atividades produtivas do Brasil.
A mão de obra africana trazia uma série de vantagens: lucrativo tráfico de escravos; experiência dos negros em agricultura e metalurgia; dificuldade de fuga porque os negros não conheciam o território.
O Tráfico
A obtenção de escravos na África era facilitada pelos reinos escravistas, como os de Mali e do Congo. Os escravos eram obtidos por processos repressivos diversos, sendo depois comercializados com os europeus. As camadas dominantes dos reinos africanos usavam os escravos como mercadorias em troca de tecidos, armas, jóias, algodão, tabaco, cachaça, cobre e ouro.
O tráfico de escravos deu origem ao comércio triangular, envolvendo o Brasil, a Europa e a África. Navios deixavam Portugal levando manufaturados até a Guiné conduzindo depois para o Brasil escravos negros e, ali, carregavam o açúcar, que era transportado para a Europa. Numa outra direção, navios saíam de Portugal, abarrotados de vinhos e manufaturas, e vinham para o Brasil. Daqui iam para a África, levando aguardente e fumo; voltavam ao Brasil cheios de escravos e partiam para Lisboa, carregados de açúcar.
A viagem da África ao Brasil era difícil e penosa para os africanos. Uma viagem de Angola a Pernambuco durava 35 dias; até a Bahia 40; e 50 dias até o Rio de Janeiro. Apinhados num espaço reduzido, mal alimentados e vítimas de terríveis castigos, o índice de mortalidade era muito grande.
Em 1625, cinco navios carregados vieram de Angola para o Brasil. Eis a taxa de mortalidade:
Enviados Mortos Percentual de Mortos
195 85 43,5
220 125 57,2
357 157 43,9
142 51 35,9
297 163 54,8
Após serem desembarcados em portos brasileiros, os escravizados africanos eram postos para se restabelecer (engordar para melhorar a aparência) para depois serem vendidos. A idade, a boa saúde e aparência, a procedência e o vigor físico eram fundamentais para se obter um bom preço. Este variava de acordo com as qualidades do cativo, da concorrência, da distância, da especulação e da conjuntura econômica.
Os leilões públicos e as vendas particulares foram os dois sistemas mais praticados no Brasil em que houve a escravidão.
Prof. Marcelo Rebinski
Prof. Marcelo Rebinski
Nenhum comentário:
Postar um comentário