sábado, 3 de junho de 2017

Fenômeno Lula

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Caberá as próximas gerações, passado o tempo presente, o tempo "quente" fazer o devido julgamento deste personagem político que como Getúlio Vargas tem sido amado por uns e odiado por outros.

Marcelo Rebinski

As ciências humanas nos orientam a separar o indivíduo da figura pública em um personagem histórico. O exercício é essencial para evitar que a análise do contexto histórico seja contaminada por afetos da sociedade da época, dos meios de comunicação e, não raro, do próprio pesquisador. Esse cuidado é necessário, porque é armadilha fácil confundir um homem com uma época, principalmente líderes políticos, religiosos ou personalidades com grande capacidade de mobilização. O que não significa, todavia, que determinado personagem jamais consiga dobrar o curso da História para outra trajetória. O faz, porém, com uma soma de forças e tensões coletivas, que consegue catalisar e dar vetor. 

Nenhum outro personagem recente da história brasileira consegue ser tão exemplar desse constante jogo de forças quanto o ex-presidente Luiz Inácio da Silva. O operário tornado sindicalista, tornado político, tornado presidente representou a ascensão política da esquerda no país e o reposicionamento de toda uma classe social ante um novo projeto de nação.

Lula se tornou um símbolo. Para uns, uniu as lutas de esquerda e criou um projeto político democrático e plural. Para outros, foi a face da sensibilidade para com a miséria e a falta de oportunidades que mitigam parcela significativa do país. E para ainda outros, o chefe de uma suposta conspiração de efeitos maléficos ao Brasil, não obstante a intensa melhora de todos os indicadores econômicos e sociais.

Qualquer que seja o sumário escolhido, tem-se uma atribuição de um fenômeno amplo a um homem. Caberá, portanto, à História fazer a correta divisão entre o individual e o coletivo. Uma tarefa para mais tarde, quando os ânimos e os contextos tiverem decantados.

Até lá, cabe a sociedade, tão somente ensaiar impressões, expressões e conclusões pessoais e não históricas sobre a trajetória de Lula. 




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