Ética da Mentira
“mentira” é uma falsidade, uma afirmação contraria a uma realidade, ou seja, uma negação da verdade conhecida, e, consequentemente, uma lesão à virtude, ao bem de cada um e ao de terceiros.” Pode parecer contraditório, pois no campo científico, onde o objetivo a ser alcançado é considerado como verdadeiro, possa ser aceita uma “ética da mentira”, como matéria de indagação. Considerar que o “aético” possa ser considerada parte do que estuda e ética parece um pouco contraditório, mas a mentira é considerada objeto de estudo e conhecimento, assim como outras áreas do conhecimento estuda suas “anomalias”, como, por exemplo, a auditoria analisa as fraudes e o direito analisa os delitos.O objetivo ou um deles, que levaram ao estudo da mentira, foi que por causa dela foram vitimados muitas pessoas ao longo do tempo. Deste modo buscou-se pesquisar sobre a conduta do homem perante a realidade e também o comportamento do homem em relação à verdade.Grandes pensadores filósofos deixaram suas contribuições no tocante à “lesão à verdade” refletindo sobre sua origem desenvolvimento e consequências. Dentre esses filósofos Nietzsche, se destacou por rebelar-se contra as falsidades. Nietzsche entendeu a vontade associada à liberdade, colocou a mentira como algo virtuoso, ato de quem é livre. Que havia misturado como interesses de quem sempre teve vontade em dominar seu semelhante e que isso não passava de posicionamentos inferiores a dignidade.Ele concluiu que a humanidade se havia preocupado mais em seguir o que se modelará para ela, como se fosse uma verdade ética defensável do que mesmo pensará e buscará uma ética que defensável fosse, como verdade.
Sempre ouvimos que há o certo e o errado, que mentir é errado, por exemplo. Mas, mentir pode ser ético dependendo da situação, pois a mentira pode ser vista como algo tolerável quando usada, por exemplo, para prevenir um mal. Embora a mentira possa ser eficaz, nunca deixará de ser uma sonegação da verdade. Com isso, podemos entender que perante a ética, a mentira é uma ocultação da verdade, porém, diante do estudo da ética da mentira, algumas mentiras podem ser válidas quando conscientemente praticadas e provocam efeitos virtuosos de qualificada expressão, ou seja, a mentira pode ser utilizada quando causa o bem para a(s) pessoa(s). Faz-se necessária
assim a identificação dos motivos que levam um indivíduo a mentir, índole, falha na educação, o emocional, conveniência, seja qual for à razão, a mentira está fundamentada em questões íntimas e em diferentes situações.
São diversos os aspectos da mentira, podendo surgir de uma falsidade total, de uma meia falsidade de uma simulação ou até mesmo uma ocultação parcial ou total da verdade. É possível mentir veiculando a verdade, ou seja, quando nos fazem acreditar em algo que não seja necessariamente verdade, não nos faz de ser um mentiroso. Quando, todavia, se mente consciente de que se esta veiculando o que é falso, neste caso, sim, alguém se torna um mentiroso autêntico e absoluto, porque este se identifica com a mentira. A informação pode ser usada para manipular o pensamento, muitas vezes os controladores da imprensa, usam de falsidades para atender a interesses especulativos e de dominação.
Pois cada mentira comunicada deve ser estudada, por que depende da forma e onde é transmitida essa informação errada. Tem proporção maior quando atinge o coletivo, devido se espalhar rápido. Agora existem os fatores que influenciam sobre os efeitos quantitativos de falsidade da informação que são: – a quantidade de pessoas; – a qualidade do mentiroso; – a qualidade do informe; e – a quantidade do informe. Essas informações que são danificadas pela mentira e falsidade podem ser de qualquer ambiente, na bolsa de valores, advogados, contador, auditoria, etc. Um exemplo é se o contador omite uma informação das demonstrações contábeis com ou sem consentimento do cliente, com certeza alguém sofrerá por essa falsidade comunicada.
As questões éticas manifestam-se a cada dia em toda nossa sociedade. Levando em consideração que suas raízes possam estar ligadas a moral, por ser uma forma de comportamento humano em que precisamos considerar em toda a sua diversidade a conduta do indivíduo. Ética e moral são relativamente diferentes do ponto de vista de análise da ação humana, pois, o que hoje é considerado errado, amanhã pode ser tido como certo e vice-versa. Ou ainda, o que para um determinado grupo é correto, para outro pode não ser.A mentira é apenas um exemplo entre tantos outros, mas bastante ilustrativo. Pode-se até considerar categoricamente que a mentira é sempre algo ruim. O problema é quando a consequência de não mentir é algo pior do que a própria mentira. Imaginemos a situação em que dizer a verdade resulta na morte de alguém. Embora mentir seja ruim, podemos considerar a morte de alguém muito pior.
Levando por esta análise, a palavra "ética", deriva de ethos, não se refere exatamente apenas a comportamento e atitude. É óbvio que a ética é determinada historicamente, caso contrário entramos no essencialismo, algo que considera uma essência anterior existência. E o essencialismo só é concebível no plano religioso, somente nele pode falar da Verdade Soberana. Está em João 8:32: "Conheceis a verdade e a verdade vos tornará livres". Em história, se fala em verossímil (que parece verdadeiro) e essa é uma distinção importante. Assim, do ponto de vista da diacronia histórica - aquilo que sofreu mudanças ao longo do tempo - a ética é relativa. Portanto voltando em João comparar o pensamento ético de seu tempo com o tempo moderno seria cometer um irreparável anacronismo histórico, pois uma determinada sociedade compartilha valores que muitas vezes (ou quase sempre) são diferentes como hábitos e costumes historicamente localizado no tempo e no espaço.
Para finalizar, mentira é uma condição humana necessária? Se a ética é entendida como hábitos e costumes, isto é, o modo como as pessoas se comportam na realidade, ao longo do tempo, e repetem comportamentos que têm como resultado algo que dá certo (e não errado), mentir no dia a dia funciona em alguma medida. Pois a ideia que se diga a verdade sempre é de uma ilusão atroz; às vezes até falta de educação falar a verdade o tempo todo.
Referência
Rodrigues, Niquelly
Novembro 2014 - São Paulo
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