sábado, 28 de julho de 2012

História do Paraná



A Sui Generidade e o Legado Histórico de Rocha Pombo a História do Paraná



Marcelo Rebinski

"Morretes é, pois, um torrão onde o natural é que se desenvolvam almas mais graves do que jucundas, antes anciosas do que satisfeitas, mas sem razão para serem apáticas, para não amarem a vida, nem mesmo para deixarem entreverem largos horizontes e até não ambicioonarem, quiçá, escalar as cumeadas". (VITOR, 1969, p. 58).

A citação de Nestor VITOR, importante crítico e intelectual dos séculos XIX e XX demonstra, já a princípio, a ênfase dos discursos produzidos no período, acerca das coisas pátrias, da natureza e do povo da terra. Não somente Vitor mas Valfrido Pilotto, Romário Martins, Dario Vellozo e Andrade Muricy, procuraram enaltecer de forma categórica, ufanista e metafórica as descrições históricas e geográficas do Paraná. Tal discurso ufanista, quase sempre elogioso e generoso  transpassa as barreiras das descrições físicas. Pois é, neste período que se enaltece a aura do progresso, da modernização, das transformações políticas e sociais. É o período do surgimento de grandes produções culturais e literárias através da fomentação de núcleos intelectuais, geralmente caracterizados pelo florescimento de uma nova sociedade e visão de mundo, ainda que o país, na segunda metade do século XIX estivesse segregado no campo social à atitudes desprovidas de humanidade, nossos intelectuais produziram e fizeram do período das letras o auge da eloquência, da idealização humana e filosófica.
Foi, portanto, nesta ostentação glamoriosa da sociedade de se condesar os aspectos culturais em meio as transformações modernizantes da sociedade que José Francisco da Rocha Pombo surgiu. Nascido em 1857, na Morretes descrita acima por Nestor Vitor, Rocha Pombo susbstituíra seu pai Manoel Francisco Pombo no magistério em 1875. Autodidata, não se deixava tomar pelo desânimo. dedicava-se já a estudos e pesquisas de história ambicionando voos mais altos. Porém, foi a atuação jornalística que lhe rendeu os frutos da sobrevivência por quase toda a vida. Aos 22 anos, ainda em Morretes, fundou o primeiro hebdomadário de cunho republicano do Paraná. O Povo, de vida curta e efêmera, que surgiu como precurssor da campanha republicana e abolicionista. Foi através deste jornal que um artigo seu, de caráter libertário, atingiu repercussão internacional, sendo publicado posteriormente na Revista Escola do Rio de Janeiro e transcrito para a Del Plata de Buenos Aires.
Convidado por outros jovens que como ele pretendiam criar mais um núcleo intelectual no Brasil, tranferiu-se para Curitiba onde colaborou na Revista Galeria Ilustrada e, em 1881 publicou na forma de folhetim, no jornal A Pátria de Montevídéu, seu primeiro romance A Honra do Barão.
Dotado de um espírito multiforme e eclético, Rocha Pombo apresentaria, no delinear de sua vida intelectual, outras facetas do que o simples contentamento de um mero professor do interior do Paraná. Contista, romancista, poeta e ensaísta, era antes empreendedor. A empresa jornalística foi o viés para o desenvolvimento e apoio à sua atuação intelectual. Pois, por este intermédio publicaria em 1882 o segundo romance Dadá ou a Boa Filha e, em 1883 dois novos livros seus, mas noutro gênero, podendo ambos classificar-se como estudos. A Supremacia do Ideal e a Religião do Belo. Neste mesmo ano transferiu-se para Castro, onde casou e fundou o jornal Eco dos Campos, permanencendo até 1886, quando elegeu-se Deputado Provincial pela região dos Campos Gerais.
De volta a Capital da Província continuou a atuação como jornalista, dirigindo a Gazeta Paranaense e o Diário Popular. Como romancista publicou diversos outros contos e poemas, entre eles Petrucello, marco inicial de sua estética simbolista.
Em 1897, migrou-se de forma definitiva para o Rio de Janeiro, iniciando sua carreira como historiador, com a publicação de História da América em 1869, seguido de Paraná no Centenário, 1900; História de São Paulo, 1918; História do Rio Grande do Norte, 1922 e História do Paraná em 1930. Em 1905 publicou o primeiro volume da sua História do Brasil - de um total de dez - e o importante roamance No Hospício. Ainda, na Capital Federal, pouco antes des sua morte foi eleito à Academia Brasileira de Letras, na cadeira 39, cujo patrono é Varnhagern. Porém, com a saúde combalida assumiu-a de maneira informal, falecendo aos 76 anos em 26 de junho de 1933.
Os dados biográficos até então levantados vem à tona suscitar uma trajetória intelectual de relevância no cenário nacional. Moço pobre da pacata cidade litorânea de Morretes, Rocha Pombo ambicionava "quiça, escalar as cumeadas", pleitar novos horizontes que pudessem proporcionar-lhe um reconhecimento à altura de suas aptidões intelectuais, apesar da falta de formação acadêmica. Quando deixa o litoral do Paraná, após ver fracassado seu empreendimento jornalístico e de não mais suportar a difícil vida de um professor primário, busca na Capital o refúgio para então, colocar em prática suas pretensões políticas e intelectuais.
Na sua mudança para os Campos Gerais, Rocha Pombo não abandonou o jornalismo, pelo contrário, ali almejou, apesar dos percalços, continuar aquilo que em Morretes não pudera dar sequência: usar a imprensa para poder projetar seus planos e aspirações.
Em 1886, ano de grave crise econômica na Província do Paraná e de sua estreia como Deputado Provincial eleito pelo 2º  Distrito, Rocha Pombo marcou uma desastrosa atuação junto ao Legislativo. Acusado de republicano platônico, o intelectual paranaense justificava junto a sociedade, os motivos que o levaram, ele republicano em 1879, a se eleger pelo Partido Conservador. Dizia que apesar de ser um "amigo da liberdade, tanto bom soldado da liberdade", não poderia deixar de contribuir para as reformas econômicas e sociais que o Império tão necessitava através de um projeto de reordenamento que se fazia necessário naquele momento e que apesar de estar nas fileiras representativas do conservadorismo imperial, continuava tão "propagandista da república" como sempre fora (QUELUZ, 1998, p. 19).
Na verdade, Rocha Pombo usando da influência que a imprensa lhe proporcionara enquanto redator e diretor do semanário Eco dos Campos -  apesar do jornal mal e insatisfatoriamente pudesse lhe manter ou proporcionar-lhe uma vida confortável -, insurgiu deste aparelho para fazer, em Castro, uma escalada política.
Republicano convicto como sempre afirmara, o jovem deputado não dispensara os afagos e amizades com os grandes latifundiários e oligarcas da província. Amigo pessoal de Ildefonso Correa, o Barão do Cerro Azul, líder do Partido Conservador na época em que se elegeu, detinha um estreito relacionamento, especialmente por seu desempenho na direção do jornal Diário do Comércio de propriedade de Cerro Azul, visto que Rocha Pombo, após a morte do amigo, vitíma de uma emboscada política na Estrada de Ferro, homenageia-o com uma "necrológica e emocionada" biografia no conto Para a História, demonstrando assim, sua forte ligação com os industriais ervateiros e "seus intelectuais, partícipes do Partido Conservador" (QUELUZ, 1998, p. 31).
A curiosidade nesta relação ambígua e de choques ideológicos é que, apesar do Paraná apresentar no período um diagnóstico de crise e de anseios por reformas estruturais (como imigração, abertura de estradas, busca de capitais para as indústrias e principalmente a diversificação dal produção agrícola). Rocha Pombo, como deputado não contenta, a priori, nem liberais, representantes da indústria ervateira que pugnavam por um crescente implemento em suas atividades. Seus projetos na Assembléia não passavam da simples ouvida em plenário e da ridicularização por parte de  ambos os grupos políticos. O único projeto aprovado, ainda que com excessões, tratava da criação da Exposição Industrial do Paraná que foi recebido com ironia. Há quem diga, que a mudança de Rocha Pombo ao Rio de Janeiro, onde iniciou a construção de sua "completa e invejada obra sobre a história do Brasil", esteve atrelada a uma resiganação pessoal com o tratamento dispensado pelos políticos paranaenses ao seu projeto de fundação de uma universidade ou escola de ensino superior em Curitiba, anterior a sua atuação legislativa e que, segundo declarações do próprio Rocha Pombo, teriam intervido junto ao Senado Federal para derrubar em plenário o projeto e empréstimo do dinheiro necessário à construção.
Deslocado politicamente, a alternativa para Rocha Pombo foi continuar a dedicar-se ao empreendimento intelectual, porém sem afastar sua participação no jornalismo paranaense.
Considerado pelo Professor Brasil Pinheiro Machado "um típico escritor preocupado com a cultura popular, intelectual e provinciana de sua época" (MACHADO, 1980, p. X). Rocha Pombo firmou-se e imortalizou-se com suas obras de caráter histórico e literário. Para Valfrido Pilotto, a trajetória de vida intelectual do "inestimável confrade morretense" (PILOTTO, 1953, p. 9), carrega uma gama surpreendente de determinismo e superação das dificuldades econômicas, que por inúmeras vezes, foram pano de fundo e empecilho para produzir um volume maior de obra tanto na historiografia como na literatura. Assim, em suscintas linhas, porém demasiadamente elogiáveis, Valfrido Pilotto nos conta a passagem de Rocha Pombo que no decorrer de sua vida intelectual ostentou simpatias e desafetos:
"enaltecendo de forma veemente a produção do conterrâneo com solidariedade e respeito diante da sofrível e penosa vida que (...) carregou no decorrer de sua trajetória", sendo espetacular seu arrojo, que em extrema pobreza decide-se devotar sua vida ao levantamento completo de nossa história" (PILOTTO, 1953, p. 7).
Sem dúvida, e longe de excessivas justificativas, a passagem de Rocha Pombo pela república das letras foi digna de um homem de seu tempo. As produções sobre a história do Brasil e os romances de feição simbolista lhe renderam a significativa celebrização.
Entretanto, a projeção nacional de Rocha Pombo no círculo intelectual e cultural somente aconteceria a partir de sua mudança ao Rio de Janeiro. Foi aí que, em 1899, publica a primeira obra de caráter historiográfico, um compêndio sobre a História da América, voltado ao ensino didático, e a obra que, mais tarde, lhe rendeu a imortalidade: História do Brasil em 10 volumes que dispendeu 12 anos de intenso trabalho e estudo. Para Nestor Vitor, tal obra supriu "a grande lacuna que a muito reclamava-se na historiografia brasileira" (VITOR, 1969, p.3). José Maria Belo, referia-se à produção cultural de Rocha Pombo da seguinte maneira: "a história entre ensaístas vários e de méritos diversos apresenta na geração que surgiu depois do romantismo, os três nomes principais dos senhores Rocha Pombo, Capistrano de Abreu e Oliveira Viana". Para Gustavo Barroso, ocupante da cadeira de Rocha Pombo na Academia Brasileira de Letras, a obra História do Brasil é um "conjunto, um monumento que honra a nossa culltura, um empreendimento vultuoso e difícil" (PILOTTO, 1953, p. 41).
Porém, a grande crítica a História do Brasil de Rocha Pombo provinha de Capistrano de Abreu que se centrava na acusação de ser tal obra "apenas uma compilação de outros estudos cientificamente falhos que nada continha de pesquisas, pois que Rocha Pombo nunca se dedicou à pesquisa, nem nunca tinha lidado com fontes, arquivos e documentos, e que seus conhecimentos eram de segunda mão". Dizia que no estado em que se encontravam os conhecimentos históricos nós não precisavamos de história do Brasil, precisavamos é de documentos. (MACHADO, 1980, p. XVI).
Sendo intensamente criticada pela falta de análise, a evidência das dificuldades que cercavam a pesquisa eram visíveis. Os recursos financeiros disponibilizados para a conclusão do trabalho sempre foram escassos e a complicação financeira para a manutenção do empreendimento, e da própria sobrevivência pessoal, um enorme agravante. Tanto que na Capital Federal, Rocha Pombo tentou voltar à vida de jornal, recorrendo pelo intermédio de duas correspondências para Rui Brarbosa, então dono de uma grande diário de circulação nacional, porém sem resposta.
Independente das agressivas críticas de Capistrano de Abreu, e das dificuldades econômicas, a produção cultural de Rocha Pombo manifesta-se de forma contundente. Na literatura participa do movimento simbolista colaborando nas revistas O Sapo, O Cenáculo e outras. Escreve então, o romance No Hospício, "singularíssimo que sofreu por ter aparecido numa época de predomínio materialista e naturalista, que não obstrara, entretanto, o sucesso anterior de Canaã, de Graça Aranha, de feitio predominante simbolista, e que anunciava o misticismo exasperado de malasarte" (VITOR, 1969, p. 77).
Foi ainda no Paraná, que o impulso literário do nobre intelectual sinalizava-se no movimento simbolista, de características essencialmente idealista e de uma influência ampla e muito mais fecunda do que em qualquer outro centro intelectual do país. Os grandes nomes da vida literária trouxeram ao simbolismo uma contribuição de rara substância espiritual, de inegável originalidade e brilhante irradiação. Para Gilson QUELUZ, o simbolismo teve papel central por um período prolongado no Paraná, "contando com um número significativo de períodicos (...) e figuras expressivas como Nestor Vitor, Dario Vellozo, Emiliano Perneta, Silveira Neto e Rocha Pombo..." (QUELUZ, 1998, p. 79), que viveram com frêmito próprio e diferente "os seus sonhos de arte, na atmosfera  purificada por um movimento de busca idealisadora" (CARDIM, 1958, p. 14).

Artigo dedicado as palavras de Victor ALBJERG

    A  História sem a a biografia seria algo como um repouso sem relaxamento, uma comida sem gosto, quase como uma história de amor sem amor.







quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Sabedoria Prática de ser Feliz



Marcelo Rebinski

Não há como falar em felicidade, seja ela no estrito termo do conceito moderno sem antes citar Aristóteles (384-322 a.C).
Foi a partir dos primeiros filósofos gregos que o estudo e a valorização do pensamento teórico e lógico começou a ser analisado. Entre os diversos pesandores gregos da antiguidade, Aristóteles se destacou por pensar não somente o sentido biológico da natureza e suas ciências naturais, mas a dedicar-se aos problemas políticos e sociais de sua época, debruçando-se sobre temas éticos e morais.
Foi através do célebre livro "Ética e Nicomaco" que Aristóteles pensou profundamente sobre a felicidade humana.
Segundo ele, a felicidade não está ligada aos prazeres ou as riquezas, mas sim, a atividade prática da razão. Razão pela  qual é a capacidade de pensar sendo o que há de melhor no ser humano, uma vez que a razão é nosso melhor guia e dirigente natural.
Hoje é indiscutível e acredito não ser  nada contraditório entre  os pensadores modernos, que o que caracteriza o homem é o pensar, seja pelo princípio epistemológico ou empirista, a razão é antes de tudo a maior virtude e, portanto reside nela à felicidade humana. 
Aristóteles, fiel aos princípios de sua filosofia investigativa e experimental, e após ter feito uma análise e um estudo sistemático da psicologia humana, verificou  que o homem em todos os seus atos  orienta-se necessariamente pela ideia de bem e de felicidade e que nenhum dos bens, seja a honra, a riqueza e o prazer preenche o ideal de felicidade.
Partindo desta conclusão a felicidade humana é  uma constituição que a priore, resume-se numa atividade, pois esta relacionada com a faculdade humana mais perfeita que a inteligência.
E o que seria esta tal "atividade" perfeccionista que supera a inteligência humana? Nada mais do que o hábito.
É a partir da prática continua do hábito ou de um comportamento que possibilita o ser humano  internalizar-se em busca da excelência. Esse raciocínio serve para todas as atitudes e atividades humanas. É pelo hábito de sentir receio ou confiança que nos tornamos covardes ou corajosos. O mesmo se aplica ao inverso, ou seja, aos desejos e a raiva. Assim, tais comportamentos nos tornam, devido a inúmeras circunstâncias, pessoas moderadas ou amáveis, ambiciosas ou rancorosas. É por isto que devemos fazer parte do uso da razão em nossas escolhas e atividades. Devemos sempre desenvolver nossas atitudes e atividades de uma maneira racional.
E a felicidade? Onde reside ou fica? Se a busca da excelência procede-se no hábito, a felicidade esta exatamente no ato continuado da prática da virtude e da prudência e, é por sua própria natureza que os homens buscam o bem e a felicidade, mas esta busca só pode ser alcançada pela virtude. Virtude esta chamada de excelência que somente pode ser conquistada através do nosso caráter.
A boa conduta, a força do espírito, a força de vontade guiada pela razão nos leva a tal excelência. Dessa forma, a felicidade está ligada a uma sabedoria prática, a de saber fazer escolhas racionais na vida. Assim, será feliz aquele que escolhe o que é mais adequado para si.
Por ser a razão a faculdade que analisa, pondera, julga, discerne ou distingue ela nos permite separar ou selecionar o que é bom ou mau, e compreender os vícios das virtudes. Nos permite fazer escolhas pertinentes e adequadas para nossa felicidade.
Se pensarmos assim, levando em consideração o uso racional da virtude e da excelência, usando do bom senso e do saber agir, a felicidade tonar-se fácil de ser atingida. Torna-se ascessível e atingível, porém somente completar-se-á no momento em que formos capazes de ponderar o meio termo. Para isto ocorrer é necessário que consigamos conservar a autoestima, sabendo reconhecer através da razão nossos defeitos e nossas qualidades. 
Portanto, devemos sempre escolher o meio termo, sendo moderados em tudo que fazemos na vida. Somente desta maneira atingiremos o bem e a fellicidade, seja ela circunstancial, eventual,  passageira ou eterna. 

Para Michela e a todos que buscam o ser Feliz.


terça-feira, 24 de julho de 2012

A Filosofia da Ciência

Resenha


Podemos Falar de Progresso na Ciência?


Marcelo Rebinski



É comum atualmente ouvirmos falar em avanço ou progresso da ciência. Este fato está relacionado com algumas descobertas e inovações tecnológicas que surgem ao incosciente do senso comum que a ciência está evoluindo. Por outro lado, a despeito de situações como a poluição, efeito estufa, bomba de hidrogênio e o acesso aos remédios e as inovações tecnológicas também é comum notarmos a desilusão das pessoas com a ciência.
São múltiplos os aspectos a serem relacionados para entender a dimensão do processo de produção e desenvolvimento do conhecimento científico.Entre outros problemas podemos citar o financiamento da pesquisa científica; parte definida pelas políticas públicas, parte pela iniciativa privada olvidando o lucro e a produção de produtos para consumo; a formação da comunidade científica; a coleta empírica de dados e suas possíveis interpretações, juntamente com a elaboração de teorias.
Contudo, muitos epstemólogos e filósofos da ciência concordam quanto ao processo de produção do conhecimento científico não ser linear, ou seja, não há uma continuidade na linha ascensional, cumulativa, obtida por meio de um método científico. Neste viés, os filósofos das ciências ante-empiritas negam que a primordialidade do objeto do conhecimento tal qual ele é entendido pelo empirismo é também supremacia do sujeito cognoscente sobre o objeto como quer o idealismo.
Eles concordam que o processo de produção do conhecimento científico é  forjado pela interação não neutra entre sujeito e objeto. Estes autores inauguram uma concepção de conhecimento em que ele é entendido como uma pseudoverdade histórico, circunstanciada e não como uma verdade em correspondência com os fatos. O que desmistifica o conceito de ciência pronta, acabada, ou imutável.
Desta forma, a filosofia da ciência vem desmentido a ideia de progresso ou evolução científica com base nos estudos sobre as transformações científicas, na sobreposição de paradigmas (modelos), nas rupturas epistemológicas e na descontinuidade dos processos de produção do conhecimento e da tecnologia. Portanto, quando um novo fato aparece no cenário científico provocando inovações e transformações teóricas e práticas, o intuito principal não é a lapidação e o melhoramento de uma teoria, mas sim uma substituição por outra mais adaptada aos interesses vigentes.
Além disso, quando falamos em progresso científico, este conceito está impregnado com o espírito penado positivista que acreditava no avanço da ciência para a melhoria da vida humana e das condições de existência no planeta. Basta notarmos tal influência desse pensamento na bandeira brasileira (Ordem e Progresso).


Bloco de Humanas e Ensino Fundamental II - 2º Semestre de 2012

Informativo
A partir deste segundo semestre, os alunos matriculados no Bloco de Humanas (disciplina de História) das turmas 1º e 2º anos B e os alunos do Ensino Fundamental turmas 9º A e B (disciplina de História) poderam ocupar-se deste espaço para acompanhar notas, trabalhos, pesquisas e  publicações extracurriculares, além de artigos e resenhas de relevante importância ao estudo da História e Filosofia.

Bom retorno a todos.

Prof. Marcelo Rebinski

sábado, 21 de julho de 2012

Opinião

Marschall Berman





                                                           

Marcelo Rebinski


"Ser moderno é encontrarmos-nos em um meio ambiente que nos promete aventuras, poder, alegria, crescimento, transformação de nós mesmos e do mundo - e que, ao mesmo tempo, ameaça destruir tudo que temos, tudo o que conhecemos, tudo o que somos. Ambientes e experiências modernas atravessam todas as fronteiras de geografia e de etnias, de classe e de nacionalidade, de religião e ideologia: neste sentido, pode-se dizer que a modernidade une todo o gênero humano. Mas é uma modernidade paradoxal, uma unidade desunida: envolve-nos a todos num redemoinho perpétuo de desintegração e renovação, de luta e contradição, de ambiguidade e de angústia. ser moderno é ser parte de um universo em que, como disse Marx, tudo que é sólido desmancha no ar".


BERMAN, Marschall. Tudo que é sólido desmancha no ar. São Paulo. Companhia das Letras, 1988, p. 15.

domingo, 15 de julho de 2012

Marx e a Liberdade





                                                                                                                                 
                                                                                                                                    Marcelo Rebinski  


Marx foi um defensor das liberdades políticas e individuais, mas também obviamente, não o foi pela via do liberalismo clássico e do seu conceito de liberdade - dos quais sempre foi crítico contundente -, mas sim pela ideia de emancipação humana, de liberdade como não-dominação e não limita os fins da vida política à instrumentalidade jurídica da proteção (formal) da liberdade individual. A liberdade humana, tal qual propõe Marx, incorpora o pensamento, a ação e a produção. É a qual a liberdade que sendo do indíviduo enquanto ser-comunitário efetiva-se na comunidade política mediante a luta contra os mecanismos de dominação e alienação da liberdade humana, aderente à condição do indíviduo como ser social.
A restrição que Marx faz ao Estado de direito burguês, enquanto abstração da condição básica da sociabilidade humana atrelada à imediatividade do vir-junto dos homens, é que este Estado acaba, por força da sua estrutura burocratizante e da redução do político aos aspectos jurídicos, representando os interesses de uma parcela da sociedade e, nessa medida, é importante para garantir os fins maiores e universais da coletividade. Pelo contrário, ele se constitui em fator de alienação e dominação, mediante a "astúcia" política da representação ideológica de interesses particulares.
Para Marx, não há liberdade sob a dominação das forças egoístas da sociedade civil, ou do Estado que incorpora simbolicamente os indíviduos, mas que na verdade os exclui da vida política subtraindo-lhes a soberania. A superação dessa condição de perda da liberdade pela dominação é chamada, por Marx, de emancipação humana.
Se considerarmos que  a sociedade contemporânea encontra-se muito distante dos ideais de liberdade individual e política que se propagam quase que tão-somente através de discursos edificantes que não encontram correspondência na realidade, justamente porque a sociedade permanece submetida às estruturas de dominação do capitalismo e do formalismo arbitrário do Estado de direito burguês, podemos concluir que, as categorias de análise de Marx - tanto dos textos da juventude como dos da maturidade - se interpretadas de forma não ortodoxa, podem oferecer alternativas muito interessantes à filosofia política. 



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Atenção: Bloco de Humanas - Disciplina de Filosofia

Tendo em vista, que o fechamento das notas finais foram realizados pelo Professor Substituto de minha disciplina, o resultado não será divulgado no Blog.
Após o Conselho de Classe e de conformidade com o Calendário Escolar, o Resultado Final poderá ser obtido via Edital.

Boas Férias,

Prof. Marcelo Rebinski