A Sabedoria Prática de ser Feliz
Marcelo Rebinski
Não há como falar em felicidade, seja ela no estrito termo do conceito moderno sem antes citar Aristóteles (384-322 a.C).
Foi a partir dos primeiros filósofos gregos que o estudo e a valorização do pensamento teórico e lógico começou a ser analisado. Entre os diversos pesandores gregos da antiguidade, Aristóteles se destacou por pensar não somente o sentido biológico da natureza e suas ciências naturais, mas a dedicar-se aos problemas políticos e sociais de sua época, debruçando-se sobre temas éticos e morais.
Foi através do célebre livro "Ética e Nicomaco" que Aristóteles pensou profundamente sobre a felicidade humana.
Segundo ele, a felicidade não está ligada aos prazeres ou as riquezas, mas sim, a atividade prática da razão. Razão pela qual é a capacidade de pensar sendo o que há de melhor no ser humano, uma vez que a razão é nosso melhor guia e dirigente natural.
Hoje é indiscutível e acredito não ser nada contraditório entre os pensadores modernos, que o que caracteriza o homem é o pensar, seja pelo princípio epistemológico ou empirista, a razão é antes de tudo a maior virtude e, portanto reside nela à felicidade humana.
Aristóteles, fiel aos princípios de sua filosofia investigativa e experimental, e após ter feito uma análise e um estudo sistemático da psicologia humana, verificou que o homem em todos os seus atos orienta-se necessariamente pela ideia de bem e de felicidade e que nenhum dos bens, seja a honra, a riqueza e o prazer preenche o ideal de felicidade.
Partindo desta conclusão a felicidade humana é uma constituição que a priore, resume-se numa atividade, pois esta relacionada com a faculdade humana mais perfeita que a inteligência.
E o que seria esta tal "atividade" perfeccionista que supera a inteligência humana? Nada mais do que o hábito.
É a partir da prática continua do hábito ou de um comportamento que possibilita o ser humano internalizar-se em busca da excelência. Esse raciocínio serve para todas as atitudes e atividades humanas. É pelo hábito de sentir receio ou confiança que nos tornamos covardes ou corajosos. O mesmo se aplica ao inverso, ou seja, aos desejos e a raiva. Assim, tais comportamentos nos tornam, devido a inúmeras circunstâncias, pessoas moderadas ou amáveis, ambiciosas ou rancorosas. É por isto que devemos fazer parte do uso da razão em nossas escolhas e atividades. Devemos sempre desenvolver nossas atitudes e atividades de uma maneira racional.
E a felicidade? Onde reside ou fica? Se a busca da excelência procede-se no hábito, a felicidade esta exatamente no ato continuado da prática da virtude e da prudência e, é por sua própria natureza que os homens buscam o bem e a felicidade, mas esta busca só pode ser alcançada pela virtude. Virtude esta chamada de excelência que somente pode ser conquistada através do nosso caráter.
A boa conduta, a força do espírito, a força de vontade guiada pela razão nos leva a tal excelência. Dessa forma, a felicidade está ligada a uma sabedoria prática, a de saber fazer escolhas racionais na vida. Assim, será feliz aquele que escolhe o que é mais adequado para si.
Por ser a razão a faculdade que analisa, pondera, julga, discerne ou distingue ela nos permite separar ou selecionar o que é bom ou mau, e compreender os vícios das virtudes. Nos permite fazer escolhas pertinentes e adequadas para nossa felicidade.
Se pensarmos assim, levando em consideração o uso racional da virtude e da excelência, usando do bom senso e do saber agir, a felicidade tonar-se fácil de ser atingida. Torna-se ascessível e atingível, porém somente completar-se-á no momento em que formos capazes de ponderar o meio termo. Para isto ocorrer é necessário que consigamos conservar a autoestima, sabendo reconhecer através da razão nossos defeitos e nossas qualidades.
Portanto, devemos sempre escolher o meio termo, sendo moderados em tudo que fazemos na vida. Somente desta maneira atingiremos o bem e a fellicidade, seja ela circunstancial, eventual, passageira ou eterna.
Para Michela e a todos que buscam o ser Feliz.
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