Marcelo Rebinski
"História é passado e presente: um e outro inseparáveis"
Fernand Braudel
Ensinar na Escola Pública é um desafio e, ensinar História na Escola Pública é um desafio maior ainda. As dúvidas que permeiam as atividades do educador tornam-se, muitas vezes, entraves para o próprio ato de educar. O que é importante ensinar em História? Qual a utilidade de História para a vida dos alunos? Como compreender o passado com os olhos do presente? Talvez as respostas estejam nas próprias dúvidas.
Neste contexto, a concepção de História apresenta-se como estudo da experiência humana no tempo. Esta perspectiva permite entender a História através da análise da vida de todos os seres humanos, buscando recuperar o sentido de suas experiências individuais e coletivas.
Deste modo, vislumbra-se a contrução da consciência crítica dos alunos através da percepção dos fatos sociais, culturais e políticos possibilitando a eles inserirem-se no processo histórico e fazer com que se inscrevam na busca de sua afirmação, tornando-se protagonistas de sua história e da história do seu tempo.
Além disso, a consciência crítica possibilita a inscrição dos sujeitos na realidade para melhor conhecê-la e transformá-la, formando-os para enfrentar, ouvir e desvelar o mundo, procurando o encontro uns aos outros, estabelecendo um diálogo do qual resulta o saber.
Devemos fazer os alunos refletir. Acreditamos que o objetivo de ensinar a História é prepará-los para o desenvolvimento sociocultural, e despertar o raciocínio crítico, sem abalar, todavia a organização político-social vigente e constestadora. Fazer o aluno compreender um texto que possibilite migrar para contextos históricos que embasem a leitura entendendo os processos históricos relativos às ações e as relações humanas, onde as estruturas socioeconômicas e históricas podem ser definidas pelas formas de agir, de pensar ou raciocinar, de representar em suas relações culturais, sociais e políticas.
A História e o próprio processo de ensino-aprendizagem devem considerar a experiência do educando, formando-o crítico e autonômo, buscando o resgate de valores que possibilite a comparação com o presente por meio de temas transversais.
Do ponto de vista do método, a consciência histórica da à vida uma concepção do curso do tempo, trata do passado como experiência e revela o tecido da mudança temporal no qual estão amarradas as nossas vidas, bem como as experiências futuras para as quais se dirigem as mudanças.
Essa concepção de ensinar História, delineia os valores morais a um "corpo temporal", transformando estes valores em "totalidades temporais", isto é, recupera a historicidade dos valores e a possibilidade dos sujeitos problematizarem a si próprios e procurarem respostas nas relações entre passado/presente/futuro.
Assim, a consciência histórica relaciona "ser" (identidade) e "dever" (ação) em uma narrativa significativa que toma os acontecimentos do passado com o objetivo de dar identidade aos sujeitos a partir de suas experiências individuais e coletivas e de tornar inteligível o seu presente, conferindo uma expectativa futura a esta atividade atual. Portanto, a consciência histórica tem uma "função prática" de dar identidade aos sujeitos e fornecer à realidade em que eles vivem uma dimensão temporal, uma orientação que pode guiar a ação, intencionalmente, por meio da mediação da memória histórica.
Diante da problemática da dúvida, com relação a utilidade de ensinar História, a última década foi marcada por discussões e debates acerca da necessidade de se reorganizar a Escola frente às transformações ocorridas no mundo do trabalho e da cultura, buscando uma nova inteligibilidade para a ação humana.
Tais pesquisas realizadas no campo da educação histórica estabelecem uma relação intrínseca com a cultura, permeados pelo que chamam de empatia histórica (uma compreensão em perspectiva ou uma compreensão irracional), ou seja, como ocorre a transformação dos "esteriótipos generalizados" sobre algumas fontes em conhecimento histórico.
Sugere-se então, implicitamente outras habilidades ou conhecimentos, de modo que, para compreender fatos ou instituições do passado, o educando deve saber que certos agentes ou grupos históricos tinham valores próprios e uma perspectiva particular do mundo. Os diferentes modos de ver o passado em vários níveis e que podem e devem estar vinculados a distintos graus de conhecimentos históricos e a habilidade de compreender os textos que descrevem as ações e as instituições.
Por fim, cabe ao educador da disciplina de História frente aos novos desafio contemporâneos acrescentar que todo o processo de construção do conhecimento histórico deve estar permeado em metodologias investigativas, que considere o texto histórico como objeto e campo da mediação didática.
É necessário, induzir o educando a considerar a história não só como uma leitura oral, mas também como uma assinatura textual, cuja as práticas se configurem na atuação de registrar os "exercícios" e os deveres da história: decodificar, voltar a codificar, analisar e escriturar.
Cabe a nós educadores do campo do conhecimento histórico iniquar-se nesta nova realidade, buscando a pluralidade dela e extrair os modelos mais eficazes.
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