terça-feira, 1 de maio de 2012

A influência filosófica de Nietzsche em nossa vida cotidiana



                                                 
                                                                                                                                   Marcelo Rebinski*


Amado por uns, odiado por outros. Este é Friedrich Nietzsche. Polêmico filósofo alemão do final do século XIX que inspira e instiga pensadores da literatura e filosofia pós-moderna. Suas obras pode ser caracterizada como uma grande crítica aos valores ocidentais, oriundos da tradição platônica (Platão) e cristã de nossa moral. Para Nietzsche, a cultura ocidental e suas religiões assim como a moral judaico-cristã foram temas comuns em suas obras. Nascido em 1844, na cidade alemã de Rocken criou-se envolto a religiosidade. Seu pai era pastor evangélico e faleceu quando Nietzsche tinha apenas 5 anos. Após a morte do pai, o menino prodígio, que mais tarde seria um dos principais ícones da filosofia moderna, cresceu em um ambiente de pietismo protestante dominado por mulheres. Nietzsche frequentou um internato, onde foi apresentado à Antiguidade grega e romana, estudou filosofia clássica nas universidades de Bonn e Leipzig. Nessa última, entrou em contato com as ideias de Schopenhauer e com a música de Wagner, compositor que admirava e mais tarde conheceria pessoalmente. Aos 25 anos de idade, Nietzsche já era professor de filologia clássica na Universidade da Basileia. Dedicou-se ao estudo da filosofia, foi classificado como um filósofo existencialista e niilista.  Seus escritos e pensamentos causam, muitas vezes, ao leitor uma certa confusão entre os paradoxos (modelos) dos conceitos de realidade ou verdade, pois conceitua o homem como um filho do "húmus". Este conceito "filho do húmus" seria, portanto, corpo e vontade de não somente sobreviver, mas de vencer. Para Nietzsche, as "virtudes" deste ser "húmus" são: o orgulho, a alegria, a saúde, o amor sexual, a inimizade, a veneração aos bons hábitos, a vontade inabalável, a disciplina da intelectualidade e a vontade de poder. Porém, segundo suas concepções, poucos são os que atingem essas "virtudes" pois, segundo ele, é para poucos que a vida é feita. Nietzsche critica o igualitarismo, porque o homem é um ser individual e irredutível. Assim, o existencialismo nietiano fundamenta-se na corrente de que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser individual. A presença existencialista no pensamento de Nietzsche suporta-se na ideia que o indivíduo é o único responsável em dar significado à sua vida e em vivê-la de maneira sincera e apaixonada, apesar da existência de muitos obstáculos e distrações como o desespero, a ansiedade, o absurdo, a alienação e o tédio. Com relação ao niilismo, Nietzsche defende que "a moral não tem importância e os valores morais não têm qualquer validade, só são úteis ou inúteis dependendo a situação. A verdade é para ele, sempre subjetiva, nunca absoluta. Hoje, alguns pensadores analisam que Nietzsche esta muito mais como crítico do niilismo do que um niilista clássico, pois o niilismo baseia-se na negação, seja da ordem social estabelecida, seja de todas as formas de esteticismo, assim como na defesa do utilitarismo e do racionalismo científico.Além das concepções existencialista e niilista presentes em suas obras, o estilo aforismático se destaca, muitas vezes em trechos concisos e de uma só página. O aforismo de que Nietzsche se utiliza, sentencia-o como um escritor que ao escrever, procura articular literatura e filosofia em um campo só. As vezes, de forma curta, seu discurso apresenta pinceladas compreensivas sobre o mundo, a vida, a sociedade e sobre tudo o que vier a ser objeto de pensamento. Em síntese seu aforismo é uma expressão do pensar, razão pela qual ele exigirá do leitor a mesma reciprocidade. Esta reciprocidade que Nietzsche exige do leitor estão em inúmeras de suas obras como: Além do Bem e do Mal; Ecce Homo; Humano, Demasiado Humano; O Anticristo; O Crepúsculo dos Ídolos; A Origem da Tragédia; Assim falava Zaratustra; O Livro do Filósofo; Sabedoria para depois de amanhã e A Gaia Ciência. Algumas destas melhores obras são póstumas, pois Nietzsche obrigou-se aposentar prematuramente por conta da fragilidade de sua saúde. Viveu na Riviera francesa e no norte da Itália, lugares que considerava ideais para pensar e escrever. Sozinho e frustado por suas obras não alcançarem a acolhida desejada, foi vítima de seus primeiros acessos de loucura em 1889, quando morava em Turim e estava praticamente cego. Após longas temporadas internado em clínicas da Basileia e Jena, Nietzsche passaria o fim da vida na casa da mãe, que cuidou dele até morrer, deixando-o ao encargo da irmã. Nietzsche faleceu em 1900. Seu ambicioso legado filosófico até hoje não perdeu o poder inspirador e instigante, seja ele amado ou odiado. Por fim, como o próprio título deste simples texto sugere, aqui vão alguns dos aforismos deste gênio alemão e sua aplicabilidade a várias situações do nosso dia a dia.
"Quem tem uma razão de viver é capaz de suportar qualquer coisa".

"O destino dos seres humanos é feito de momentos felizes e não de épocas felizes".

"A palavra mais ofensiva e a carta mais grosseira são melhores e mais educadas que o silêncio".

"Nossa honra não é construída por nossa origem, mas por nosso fim".

"O homem que imagina ser completamente bom é um idiota".

"Precisamos amar a nós mesmos para sermos capazes de nos tolerar e não levar uma vida errante".

"Só quem constrói o futuro tem direito de julgar o passado".

"O sucesso sempre foi um grande mentiroso".

"O homem é algo a ser superado. Ele é uma ponte, não um objetivo final".

"O homem é, antes de tudo, um animal que julga".

"A melhor arma contra o inimigo é outro inimigo".

"Quem é ativo aprende sozinho".

"O futuro influi no presente da mesma maneira que o passado".

"São muitas as verdades e, por esse motivo, não existe verdade alguma".

"Toda convicção é uma prisão".

"Ninguém é tão louco que não possa encontrar outro louco que o entenda".



                        Marcelo Rebinski é professor de História e Filosofia na rede

                        pública de ensino do Paraná.Dedica-se ao estudo da Filosofia
                        Moderna, História do Brasil e do Paraná.

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